segunda-feira, outubro 31

O Morcego (parte II)


As dúvidas ficaram desfeitas. Por mais credibilidade que se desse aos atentos trabalhadores (só alguém muito fora do seu perfeito juízo estaria ali a brincar com a polícia), depois de revolver a casa da velhota, nem uma barata se vira fugir à invasão policial. Até as gavetas e portas da mesa-de-cabeceira foram abertas (seria impossível, mas, com o que já se viu nesta profissão!). Do roupeiro as poucas roupas que vieram para fora, não traziam “brinde” e debaixo do velho sofá da sala, não cabia a mão de uma criança. Raios, seria este um assaltante com dotes de invisibilidade? Não fora a sagrada família, cuidadosamente mantida num altar, no canto do quarto e seria de desconfiar se a senhora não se dedicaria às Ciências do Oculto e algum espírito teria então entrado sem se fazer convidado.
- Avozinha, parece que nada tem a temer. Se alguém cá esteve não mexeu em nada e saiu sem que o pessoal da obra se tenha apercebido – disse o Almeida à locatária.
- Antes assim, filhos, antes assim – respondeu ela, aliviada mas em tom pouco convincente – mas e se ele volta?
Era compreensível o receio da velhota. Aquele local era na realidade bastante isolado e a partir do final da noite, muito pouco movimentado. A pobre criatura nem telefone tinha e se gritasse, mesmo que fosse na rua, só com muita sorte alguém lhe poderia valer. Estava visto que a senhora não teria descanso nos próximos dias e alguns indícios davam a entender que alguém tentara mesmo entrar lá dentro. A situação foi colocada às instâncias superiores que determinou a uma agente feminina que permanecesse em casa com a senhora, durante essa noite e ficou deliberado que os carros da área passariam naquela zona com frequência para se inteirarem da situação. A mulher ficou mais aliviada e logo ali fez questão de oferecer um café ou um chá aos Guardas que por ali passassem. Mais não podia fazer, afirmou ela, como forma singela de agradecimento pela prontidão dos cívicos. Ficou assim combinado.
*****
- Maravilha este Frango!
- Podem crer, em especial porque há muito que não me sentava para comer desde que ando neste turno. Parece que as ocorrências esperam a hora da “janta”.
- Bem, sendo assim, vamos retomar a patrulha. Passamos pela casa da velhota para ver se está tudo bem com ela.
Ao sentir a viatura policial parar à porta, a dona da casa e a agente abriram a porta, convidando os polícias a entrar.
- Entrem, entrem se fazem o favor. Já jantaram? Aqui a menina vai jantar comigo. Ia agora começar a aquecer a comida. É simples, mas de boa vontade – convidou a velhota.
- Obrigados, minha senhora. Nós comemos sempre antes das sete da tarde, quando começa a escurecer. Depois, quase sempre não há tempo. Já cá canta – agradeceu Almeida, dando umas palmadinhas no seu proeminente estômago – viemos só ver se estava tudo bem. Se houver algo de estranho, aqui a nossa colega informa pelo rádio e nós vimos logo.
- Mas então têm de tomar um cafezinho. Faço questão – replicou a velhota enquanto ia empurrando os polícias para o interior da casa.
O pessoal, não querendo fazer a desfeita à simpática avozinha, lá entrou e esta mandou-os sentar na sala.
- Vou só por a água a aquecer e aproveito para pôr a sopa ao lume.
Depois de executada esta tarefa, a senhora veio para a sala e lá continuou a tagarelar com os agentes, lamentando-se do isolamento em que ficara desde que a zona das Laranjeiras fora invadida por uma série de empreendimentos habitacionais. Qual não é a nossa surpresa quando, enquanto ouvíamos pacientemente a nossa idosa anfitriã, do interior da cozinha ouve-se um estrondoso ruído de tachos a cair, secundado de um sonoro e “dorido” FODAAA-SE!!.... A reacção foi imediata. Como se o sofá tivesse um dispositivo de ejecção, saltámos todos, precipitando-nos para a cozinha. Ali, junto ao fogão, um velho conhecido nosso, o “Necas do Alto”, estava estatelado no chão, agarrado ao seu pé direito, guinchando de dores.
- Não me bata “Sô” guarda… ai o meu pé!... Ai minha mãezinha! Ai o meu pé – gritava o meliante com uma voz misturada de terror e dor.
- Anda cá meu “melro” – o Almeida pegou-lhe pelo colarinho e levantou os seus quarenta e poucos quilos como quem levanta um gato do chão – de onde saíste tu meu sacana? Quando entraste? Melhor, por onde entraste tu?
A janela da cozinha continuava fechada e o único acesso era através da sala. Era fácil de concluir que aquele tipo tinha ali estado desde sempre.
- Onde estavas tu meu safado? Onde estavas escondido? Ainda há pouco saíste da “pildra” e voltaste ao mesmo! Bem que me tinham dito que já tinhas voltado para o Alto dos Moinhos! Mas onde estavas tu meu rafeiro?
- Ai o meu pé! Não me bata, ai o meu pé que está a arder!... – continuava o desgraçado, ignorando as perguntas e sacudidelas do portentoso Almeida.
Perante tais queixas, não foi difícil de resolver o mistério. Olhámos todos para o pé, depois para a grande cafeteira caída junto ao fogão, o chão, todo molhado com água fumegante e finalmente, reparámos na chaminé, daquelas antigas, com uma caixa de saída volumosa e com aqueles ferros que outrora eram usados para pendurar enchidos. Alguém se aproximou desta e concluiu o óbvio: O Necas entrara na casa e ao aperceber-se da presença da polícia, a sua limitada mas experiente massa encefálica, transmitira a ordem ao seu corpo franzino, para se esconder no seu interior e aguardar o melhor momento para abandonar o local sem problemas. Não contara com aqueles factores que tornam o crime igual a qualquer outra actividade praticada pelo pacato e comum mortal: a imperfeição e o imprevisto. E os imprevistos foram vários; a persistência dos trabalhadores da obra, a vontade de ajudar a pobre senhora, que permitiu a permanência de uma agente junto a ela e por fim, um inconveniente fogão, ligado, com uma panela de sopa e uma cafeteira de água a ferver. Ao sentir o desconforto do calor gerado a seus pés, a um passo de se transformar em presunto fumado, ao tentar sair, mergulhara o seu pé na água em ebulição e a partir daí, terminou a sua tentativa de fuga. O Necas, pulara da chaminé para a panela. A partir desse dia, juntou ao seu “nome de guerra” o justo cognome de “O Morcego”.

quinta-feira, outubro 27

O Morcego... (parte I)



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Assim que fora dado o alerta, todas as viaturas disponíveis na área se tinham dirigido para o local. A modesta vivenda de uma octogenária estava a ser assaltada e talvez fosse desta que os suspeitos de uma onda de assaltos em residências que assolava a área entre Sete-Rios, Carnide e Benfica fossem finalmente detidos em flagrante.
A casa parecia um castelo sitiado. O cenário, digno de rivalizar com a melhor cena de acção da terra do Tio Sam, intimidava quem passava. Quem quer que estivesse lá dentro não teria hipóteses de escapar. O exterior da casa foi percorrido por vários agentes à procura do local por onde se teriam introduzido os meliantes. Portas e janelas estavam trancadas. Nada de sinais de arrombamento, nem um vidro partido sequer. Um dos agentes decidiu-se bater à porta para confirmar se estaria alguém no interior. Havia sempre a possibilidade de ter sido uma chamada falsa, para brincar com a malta.
- Oh da casa… há alguém? – Almeida, com o seu semblante de polícia duro, era a pura imagem ainda muito usada em alternativa aos novos métodos pedagogicamente aceites contra petizes inquietos ou relutantes ao cumprimento das regras elementares de “compostura”. O homem metia mesmo respeito. As pancadas na porta mais pareciam um maço de carpinteiro a bater na madeira. Do interior, a resposta do silêncio total. O experiente cívico, deu alguns passos atrás e percorreu a área envolvente da casa com um olhar de ave rapina.
- A Central deu alguma indicação mais pormenorizada acerca da ocorrência? – perguntou ele ao colega que se encontrava a seu lado.
- Nada. Só disseram que um indivíduo se tinha introduzido para o interior da casa – respondeu o outro.
- Merda de brincadeiras – voltou o Almeida enquanto varria a área circundante procurando entre algum dos curiosos que entretanto se aproximavam, sinais que indiciassem estar por ali o autor de uma possível brincadeira. – não será caso para arrombar a porta; não me parece que esteja alguém no interior.
Os arvorados dos carros patrulha reuniram-se para decidir o que fazer. Entretanto chegara muita gente curiosa e sedenta de acção; aquele aparato policial prometia acção e eles estavam ali para testemunhar uma cena de “Hill Street” à portuguesa. De entre essa turba de curiosos, sai então uma velhinha, a dona da casa, transportando um saquinho da mercearia, não se apercebendo que a sua modesta casinha era naquele momento uma das mais seguras da cidade. Passou pela assembleia de polícias, cumprimentou-os e apontou a chave à fechadura.
- Boa tarde. É a dona da casa, suponho – disse-lhe Almeida, tentando amenizar o seu semblante pesado com um sorriso.
- Bom dia filho. Oh meu Deus…é a minha casa, é! … – a cara da idosa era uma máscara de desespero; logo ali as lágrimas serpentearam pelas rugas da sua cara, como se de riachos se tratassem – vão pôr-me fora?!... sempre vai abaixo… ai a minha casinha, que vai ser de mim!
- Nada disso, Dona – aliviou de imediato o Almeida – nada disso, esteja descansada. É que disseram que alguém tinha entrado dentro da sua casa, para a roubar. Podemos dar uma espreitadela? Parece que foi falso alarme mas queria tirar dúvidas.
- Façam favor. Podem entrar – condescendeu a velhota, aliviada, como se tivesse ouvido na voz dura daquele polícia a música celestial que deve emanar da voz dos anjos.
Entrámos todos e percorremos aquela casa, modesta mas bem cuidada pela solitária idosa. A sobriedade das únicas três divisões da residência permitiu concluir que não havia muito que roubar, além de não haver muitos sítios onde alguém se pudesse esconder. Passada revista a todas as dependências, apresentaram-se cumprimentos e desculpas pelo aparato e toda a gente se precipitou para o exterior.
Cá fora, a forma descontraída como saíam os polícias fez com que a plateia de curiosos, que mais parecia um “drive-in”, começasse a dispersar, triste por não ter assistido à detenção de um suposto bandido. Que frustração. Contudo, do prédio em construção ali mesmo ao lado, as coisas estavam mais animadas. À laia de 2º balcão, quatro ou cinco operários esbracejavam e apontavam para a casa, vociferando frases que se perdiam no eco das alturas. Estariam defraudados pelo desfecho da cena? Reclamar espectáculos à borla não é coisa muito bem vinda nas hostes policiais. Não fica bem.
- Aqueles tipos ali em cima estão a gozar o panorama – atirou o Almeida, pouco dado a mediatismos.
- Pois, vimos por causa de uma ocorrência de roubo e ainda acabamos por sair daqui com um acidente de trabalho – respondi, observando um dos trabalhadores que, ignorando os cinco andares que o separavam do solo, insistia em apontar para a casa com bastante insistência e aparato.
O Almeida “fervia” com os operários que insistiam no frenesim constante; bolas até parecia que estavam mesmo a provocar. Se algum caísse nas mãos do Almeida, as coisas não seriam agradáveis para o eleito. Foi então que um deles entra para dentro de um balde elevador e o operador da grua fê-lo descer até ao passeio. Pulou para fora e dirigiu-se à força policial com ar grave. Pelo semblante o africano não vinha desafiar a autoridade, antes pelo contrário, a sua face deixava transparecer uma preocupação e horror de quem vira um demónio.
- “Sinhô polícia, inda tá ladrão dentro dus casa” – balbuciou o obreiro no seu “criolês” atabalhoado.
- “Tás a mangar comigo” ou quê? - replicou o Almeida.
- “Virdade, a gente viu ele lá dus cima” – insistiu com firmeza o homem – meteu pelo buraco ali… e não saiu! - apontava para um minúsculo postigo na lateral da casa, que servia de respiradouro da casa de banho.
- Jovem, por ali só um rato é que passa – disse o Almeida rasgando um sorriso.
- Bem, um rato ou um tipo magro, como eu. Desde que passe a cabeça, o resto passa – alvitrei eu, tirando as medidas ao postigo e imaginando-me a entrar pelo mesmo.
- Sempre queria ver – provocou o Guarda Santos, divertido com a situação.
Não perdi tempo. Tirei o blusão, tomei balanço e pulei para o postigo. Debrucei-me para o interior e num ápice estava no interior. Passara à justa, mas comprovara a certeza das testemunhas da obra. Agora tínhamos uma dúvida. Havia marcas de pés pelo sítio por onde eu entrara, mas se as portas e janelas estavam fechadas e o presumível assaltante não saíra por ali, onde estaria ele? A malta da obra jurava a pés juntos que o tipo não saíra. Voltámos assim a rebuscar a casa enquanto que a locatária desfiava um rosário de coisas estranhas que se tinham passado nos últimos meses dentro de casa, tais como desaparecimento de bugigangas, comida, objectos fora do lugar, factos que a mesma atribuía a esquecimentos normais da idade. Uma análise mais atenta revelou pegadas de terra que saíam do quarto de banho em direcção à cozinha, terminando junto ao fogão e pareciam pertencer a um par de sapatilhas.
- Se não saiu, onde estará o “rato”?...
Estranho caso este, digno de análise atenta do perspicaz Varatojo…

(continua)

domingo, outubro 16

Pedagogia Policial I - Mestre Marques


No que ao trânsito respeita, nunca conheci alguém com uma postura tão radical e cumpridora como o Guarda Marques. Polícia por vocação, filho de um antigo agente da PVT, desde que ingressou na PSP nunca desenvolveu outra actividade que não fosse a de motorista de Carros Patrulha (CP). Era dos mais antigos motoristas do Comando de Lisboa e exercia essa actividade com prazer e dedicação, cumprindo escrupulosamente as regras. Aprendi muito com este decano dos motoristas e rapidamente passei a tratá-lo pelo nome que carinhosamente era conhecido e respeitado: Mestre Marques. Apesar dos cursos e instrução específica de condução de veículos policiais ministrados no seio da Corporação, muito daquilo que sei sobre esta actividade, aprendi com este camarada. Além de todos os predicados que lhe eram reconhecidos, Mestre Marques era um Guarda que gostava de participar nas ocorrências às quais a sua equipa era chamada a intervir, não se limitando à condução e guarda do CP. Claro que, onde se sentia mais à vontade era quando as ocorrências eram relacionadas com questões de circulação rodoviária. Aí, Mestre Marques, quase sempre aliava a sua capacidade de julgamento aos conhecimentos acerca da matéria exercendo o poder da autoridade de forma justa, pedagógica e muito... personalizada. É disso exemplo o que relato a seguir.

As coisas estavam complicadas para quem tinha de circular em Benfica. Era hora de ponta e chovia a cântaros. A noite aproximava-se arrastando as nuvens cinza chumbo que se abatiam em forma de chuva sobre a populaça apanhada à saída do trabalho. Os veículos circulavam em “modo lesma” e aconselhava-se máxima prudência na condução.

-Estamos aqui vai para 10 minutos e nunca mais chegamos ao Cemitério. Isto está bonito, está! – disse Vilela que estava ao comando do 24.08.

- Se não bateram nos Arneiros, deve estar algum “inteligente” estacionado em segunda fila, ou coisa que o valha – respondeu Mestre Marques.

Eu, sentado atrás dele, iria rendê-lo no turno de condução seguinte e dava graças por quando chegasse essa hora já não teria de andar a rodar o volante do pesado Ford-Sierra, ao qual por motivos de falta de verba, tinha sido removido o sistema de direcção assistida. Finalmente as coisas compuseram-se. O trânsito começou a fluir e fomos informados mais adiante, por um patrulheiro, que a confusão se instalara devido a uma família de ciganos que contendia com os condutores que protestavam pelo facto de os primeiros estarem sempre a parar a meio da passadeira, não se decidindo e permanecendo ali a conversar uns com os outros. Marques continuou por entre o limbo de escuridão, automóveis e peões com a mestria e perícia de piloto de barra do Tejo em plena tempestade. Quando chegou a hora de o substituir, o Mestre pediu que o levássemos junto do seu automóvel, estacionado no Bairro do Charquinho. A circulação era agora mais fluida. Quando ia iniciar a subida da Estrada dos Arneiros, deparei-me com um indivíduo já de certa idade, com uma criança ao colo e outra pela mão, parados sobre a passagem de peões. Parei para lhe ceder a passagem e o indivíduo avançou alguns passos ao longo da passadeira estacando de seguida mesmo em frente ao CP. Aguardei que continuasse, mas o homem não se decidia a tal coisa, antes voltou-se para trás e pôs-se a discutir com a mulher e outros membros do seu clã cigano. Fiz-lhe sinal de luzes ao mesmo tempo que, com um gesto o convidava a continuar o atravessamento. O patriarca não só ignorou o meu apelo como ainda não arredou pé.

- O tipo é burro ou então está a gozar connosco – ouvi Mestre Marques, que seguia atrás de mim.

- Ou passa ou então volte para o passeio – disse o Valente que seguia no comando do CP.

Por parte dos ciganitos, nem um “ai”. O Patriarca continuou a sua prosa com os outros e não arredava pé. Predispus-me a continuar a marcha e por isso, contornei-o devagar e continuei. Já ia começar a acelerar o veículo quando ouvimos atrás de nós um derrapar de pneumáticos no asfalto molhado, abafado por uma buzinadela. Olhámos para trás e vimos que fora o cigano que fizera o mesmo com o condutor que nos precedia. Logo o clã começou a gritar insultos e desaforos para com o pobre condutor. Definitivamente estavam ali para gozar o “pagode” e só poderia ser a “seita” de que o patrulheiro nos alertara nessa tarde.

- Pare o carro, Cruz – pediu Marques – deixem-se estar aqui dentro que eu já volto.

O Marques saiu do CP e dirigiu-se ao grupo de brincalhões. Estes ao vê-lo aproximar-se mantiveram um ar de desafio. Iria ele multar aquela gente toda?

- Há problema, Sr. Guarda?!... – atirou arrogantemente o patriarca.

- Deixará de haver quando passarem para o outro lado.

- Ai, Sr Guarda… mas quem lhe disse a si que queremos passar para o lado de lá?!...

- Pouca conversa. Não sabe que está a atrapalhar a circulação? Pare de gozar com as pessoas ou ainda alguém se magoa.

- Sabia lá a gente dessas coisas – continuou o velho, deliciado com a situação – a gente não aprendeu essas coisas; ninguém nos disse nada das passadeiras. A gente passa onde quer e eles só têm de parar.

- Pois, vai passar, a bem ou a mal passa você e passam os outros todos – o Mestre acabara de lhe agarrar a orelha direita – e vêm atrás de si, senão vai orelha a orelha.

Enquanto dizia isto, já se aproximava do outro lado da Estrada, com o cigano atrelado pela orelha e, para estupefacção geral, este nem tentara resistir.

- Como é? Vocês aí, passam ou é preciso ir buscar um por um?

Num ápice, como mandam as regras, a prole do patriarca, procedeu ao atravessamento, não fosse o cívico esticar-lhes os apêndices auditivos. O gajo não devia ser bom de “assoar” e se este era assim, ainda restavam mais três dentro do carro. Não convinha ver toda a equipa em acção.

- Espero não os voltar a ver por aqui hoje e muito menos não quero nenhum de vocês a passar a rua sem ser nas passadeiras, ou vão ter de se ver comigo, entenderam?

Foi remédio santo. Durante o tempo que fui motorista naquela área, a comunidade cigana da zona foi sempre um exemplo de urbanidade no atravessamento das vias de Benfica e raramente se via um dos seus membros parados à entrada das passadeiras, isto se não fosse para proceder ao atravessamento.

Às vezes, a pedagogia de choque pode ser mais efectiva que uma simples sanção pecuniária.

Obrigado Mestre Marques.

sábado, outubro 8

O Convicçõers acabou.
Mas eu mantenho-me aqui.

http://dajaneladomeuquarto.blogspot.com/

PS- E claro está que não te peço Jó, EXIGO que publiques o que quiseres, que me ajudes na criação da imagem do novo blog. Encara isto como uma nova forma de exprimir as minhas convicções, claro :). Beijo daquela que te considera o melhor amigo do mundo, mesmo apesar da distância :)

 

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