quinta-feira, março 22

50 Cêntimos...

Há tipos com sorte nas profissões que escolhem...e lá vão vendo uns concertozecos "à pala"...


www.hostdrjack.com


quarta-feira, março 21

VALE A PENA PENSAR NISTO... (retirado de um e-mail)


Noruega...para pensar
Na Noruega, o horário de trabalho começa cedo (às 8 horas) e acaba cedo (às 15.30).
As mães e os pais noruegueses têm uma parte significativa dos seus dias para serem pais, para proporcionar aos filhos algo mais do que um serão de televisão ou videojogos.
Têm um ano de licença de maternidade e nunca ouviram falar de despedimentos por gravidez.
A riqueza que produzem nos seus trabalhos garante-lhes o maior nível salarial da Europa, que é também, desculpem-me os menos sensíveis ao argumento, o mais igualitário.
Todos descontam um IRS limpo e transparente que não é depois desbaratado em rotundas e estatuária kitsh, nem em auto-estradas (só têm 200 quilómetros dessas «alavancas de progresso»), nem em Expos e Euros.
É tempo de os empresários portugueses constatarem que, na Noruega, a fuga ao fisco não é uma «vantagem competitiva». Ali, o cruzamento de dados «devassa» as contas bancárias, as apólices de seguros, as propriedades móveis e imóveis e as «ofertas» de património a familiares que, em Portugal, país de gentes inventivas, garantem anonimato aos crimes e «confundem» os poucos olhos que se dedicam ao combate à fraude económica.
Mais do que os costumeiros «bons negócios», deviam os empresários portugueses pôr os olhos naquilo que a Noruega tem para nos ensinar.
E, já agora, os políticos. Numa crónica inspirada, o correspondente da TSF naquele país, afiança que os ministros não se medem pelas gravatas, nem pela alta cilindrada das suas frotas. Pelo contrário, andam de metro, e não se ofendem quando os tratam por tu.
Aqui, cada ministério faz uso de dezenas de carros topo de gama, com vidros fumados para não dar lastro às ideias de transparência dos cidadãos.
Os ministros portugueses fazem-se preceder de batedores motorizados, poluem o ambiente, dão maus exemplos e gastam a rodos o dinheiro que escasseia para assuntos verdadeiramente importantes.
Mais: os noruegueses sabem que não se «projecta o nome do país» com despesismos faraónicos, basta ser-se sensato e fazer da gestão das contas públicas um exercício de ética e responsabilidade.
Arafat e Rabin assinaram um tratado de paz em Oslo. E, que se saiba, não foi preciso desbaratarem milhões de contos para que o nome da capital norueguesa corresse mundo por uma boa causa.
Até os clubes de futebol noruegueses, que pedem meças aos seus congéneres lusos em competições internacionais, nunca precisaram de pagar aos seus jogadores 400 salários mínimos por mês para que estes joguem à bola.
Nas gélidas terras dos vikings conheci empresários portugueses que ali montaram negócios florescentes. Um deles, isolado numa ilha acima do círculo polar Árctico, deixava elogios rasgados à «social-democracia nórdica», ao tempo para viver e à segurança social.
Ali, naquele país, também há patos-bravos. Mas para os vermos precisamos de apontar binóculos para o céu. Não andam de jipe e óculos escuros. Não clamam por messias nem por prebendas. Não se queixam do «excessivo peso do Estado», para depois exigirem isenções e subsídios.

É tempo de aprendermos que os bárbaros somos nós...
...seria meio caminho andado para nos civilizarmos.

terça-feira, março 20

O POMBO " OKUPA "

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(CANON EOS 400D - Foto digital - ©COPYRIGHT© de Jó Carvalho ©)

Imperdível!!!!

LIMITES

A maior parte das gaivotas não se querem incomodar a aprender mais que os rudimentos do voo, como ir da costa à comida e voltar. Para a maior parte das gaivotas, o que importa não é saber voar, mas comer. Para esta gaivota, no entanto, o mais importante não era comer, mas voar.
Mais que tudo, Fernão Capelo Ga ivota adorava voar. Como veio a descobrir, esta maneira de pensar não o fazia muito popular entre as outras aves. Até os próprios pais se sentiam desanimados ao verem que Fernão passava os dias sozinho, a experimentar, fazendo centenas de voos rasos.
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(CANON EOS 400D - Foto digital - ©COPYRIGHT© de Jó Carvalho ©)

Não sabia porquê, mas, por exemplo, quando voava sobre a água a uma altitude inferior ao comprimento das suas asas abertas, conseguia manter-se no ar durante mais tempo e com menos esforço. Os seus voos não acabavam com o habitual mergulhar de patas abertas no mar, mas com um pousar leve, de patas bem unidas ao corpo. Quando começou a pousar em pé sobre a praia e depois a medir o comprimento da aterragem, os pais ficaram deveras preocupados.
-Porquê? Fernão, porquê? - perguntava-lhe a mãe. - Por que não podes ser como o resto do bando? Por que não deixas os voos rasos para os pelicanos e para o albatroz? Por que não comes? Filho, és só penas e osso!
- Não me importo de ser apenas ossos, mãe. Só quero saber aquilo que consigo fazer no ar, e o que não consigo, mais nada. Só quero saber.
-Ouve lá, Fernão - disse-lhe o pai com bondade. - O Inverno aproxima-se. Haverá poucos barcos, e o peixe das superfícies irá para zonas mais profundas. Essa história dos voos está muito bem, mas sabes que não te podes alimentar disso. Se tens mesmo de estudar, então estuda a comida e a forma de a conseguir. Não te esqueças de que a razão por que voas é comer.
Fernão baixou a cabeça, obediente. Durante os dias seguintes tentou comportar-se como os outros: tentou mesmo a sério, disputando com o resto do bando a comida dos pontões e dos barcos de pesca, mergulhando para apanhar pedaços de peixe e pão. Mas não conseguiu.
“É tão inútil”, pensou, deixando cair deliberadamente uma anchova, que lhe custara bastante apanhar, aos pés de uma velha gaivota que o perseguia. Poderia ter passado todo este tempo a aprender a voar.
E há tanto para aprender!
(in: Fernão Capelo Gaivota de Richard Bach)
Fotografia do Autor do Blog, publicada em Olhares.com

Ontem foi dia do Pai

Como é bom ser pai!!!

segunda-feira, março 12

PROCURA-SE...


Desapareceu de vista no passado ano de 2006,
AMIGO de longa data, de quem se gosta muito e de quem se tem muitas saudades.
A quem souber do seu paradeiro, é favor deixar aviso neste blog.
PS - Não se aceitam informações falsas, nem sósias, nem imitações rascas.

Obrigada.

sábado, março 10

Blog - A TUA AMIGA - Blog

(Recomendado, excepto a puritanos e meninos(as)mais sensíveis)

Foi-me recomendado e depois de passar por lá, recomendo. A não perder.

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Parabéns à mentora deste espaço.

sexta-feira, março 9

VAMOS TENTAR FAZER CAIR O GOVERNO!


Leia hoje no Jornal de Negócios uma extensa entrevista de seis páginas a Ricardo Araújo Pereira, "o palerma que quando a câmara está apagada diz imensos palavrões, faz piadas do mais básico e escatológico e também gosta de saber o que é que o Nietzsche pensa”.

Suicídio de alemão desesperado com burocracia indigna comunidade germânica

ISTO HÁ COM CADA UMA...

07 MAR 07

Algarve

O suicídio de um cozinheiro alemão na Fortaleza de Sagres, alegadamente devido a problemas com a burocracia municipal na abertura do seu restaurante, está a provocar uma onda de indignação na comunidade alemã do oeste algarvio

Há seis anos que Frank-Peter Marcischewski, 54 anos, solteiro, residente em Portugal há oito anos, enfrentava problemas, primeiro com a construção e posteriormente com a papelada necessária para a abertura do restaurante que decidira abrir em parceria com o seu amigo Horst Schültze, 51 anos, na aldeia de Hortas do Tabual, próximo de Vila do Bispo.
Esta povoação, a meio caminho entre Lagos e Sagres, tem cerca de uma centena de habitantes, grande parte dos quais - à semelhança do que acontece muito naquela zona - são alemães.
Vários amigos que o homenagearam terça-feira à noite disseram à Lusa que na passada segunda-feira Frank dirigiu-se às Finanças e posteriormente à Câmara para levantar a tão esperada licença de utilização do estabelecimento.
Levantara-se bem cedo naquele dia e partiu às 06:30 para um supermercado na Guia, a uma centena de quilómetros, para fazer as últimas compras para o estabelecimento, que deveria ser inaugurado no dia seguinte.
No regresso, deu boleia até ao estabelecimento a Hans Müller, 47 anos, o outro cozinheiro da casa e um dos três empregados já contratados pela dupla de sócios.
Hans garante ter visto nele um homem feliz e excitado perante a perspectiva de concretizar finalmente o sonho da sua vida ao fim de seis anos de construção, burocracias e esperas várias.
«Chegámos por volta das 9h00, tomámos o pequeno-almoço e ele saiu para ir às Finanças levantar a licença, contratar o padeiro e fazer algumas compras», relata o cozinheiro, jurando - tal como os demais - que Frank não padecia de qualquer quadro depressivo.
Pelo contrário, reiteram todos os que o conheciam, andava excitado e feliz. A última vez que a romena Daniela Elena, 36 anos, mulher do sócio Horst, falou com Frank, foi por telemóvel, quando ele estava nas Finanças à espera de ser atendido.
«Falei-lhe do contrato com o padeiro e ele pareceu-me muito bem-disposto», afirma Daniela. O que se passou depois, ninguém sabe ao certo. Daniela só sabe o que ouviu da boca do contabilista da casa, com quem a Lusa não conseguiu falar: nas Finanças ter-lhe-ão dito que não era ali que se entregavam licenças, mas sim na Câmara.
Desde 22 de Dezembro que uma licença de utilização do restaurante «Í» aguardava que alguém a fosse buscar, mas nela não era mencionado o nome de Frank, mas apenas o do seu amigo de adolescência Horst, dono da casa, com quem fizera um acordo de comodato em Novembro de 2005 que na prática permitia a partilha do restaurante.
Surpreendido com a falta do seu nome no ansiado papel, Frank - que mal falava português - terá percebido que não poderia inaugurar o estabelecimento no dia seguinte, como se tinha proposto.
Pegou no carro, percorreu os cerca de 20 quilómetros que o separavam da Fortaleza de Sagres, onde entrou pela primeira vez na vida, a pé, pagou os três euros exigidos na bilheteira como qualquer turista, aproximou-se da falésia e atirou-se.
Testemunhas garantem que gritou muito antes de cair nas águas profundas dezenas de metros abaixo, de onde seria retirado ainda com vida, na mesma manhã, por uma equipa da Marinha.
Morreu pouco depois, devido às lesões internas provocadas pelo embate na água.
Não deixou qualquer carta de despedida, nem falou com ninguém antes do desfecho final: debaixo dos assentos do carro encontraram os 300 euros que não chegou a gastar nas compras que faltavam para a festa de inauguração.
«Isto não é uma festa, é para dizer que o Frank está aqui», observava Horst Schültze à hora da inauguração, terça-feira ao princípio da noite, convertida em homenagem de amigos, apontando o peito.
Nele bate um coração doente que sobrevive com a ajuda de um «pacemaker» e que - jura a mulher, Daniela - mal tem resistido à perda de um amigo feito há 40 anos na Alemanha.
Ali, no único restaurante de Hortas de Tabual, a poucos quilómetros das praias da Ingrina e Zavial, quase meia centena de alemães e portugueses, na maioria gente simples, juntaram-se para recordar Frank, junto a uma foto sua rodeada de flores.
«Houve claramente uma grande falta de sensibilidade da funcionária que atendeu o Frank, até porque segundo o contabilista o restaurante podia abrir mesmo sem o nome dele na licença, que seria posto posteriormente», garante uma amiga portuguesa do alemão, que prefere manter-se anónima.
Na mente de todos estão as complicações surgidas desde que os dois amigos decidiram abrir o restaurante, há seis anos, como os problemas com os estacionamentos, as exigências de insonorização e tectos falsos.
Muitos consideram que houve clara má vontade do município, desde que o processo deu entrada na Câmara pela primeira vez, em Julho de 2003. «Fizemos tudo o que foi pedido, a lei era para cumprir, mas muita gente nos disse que havia má vontade contra nós. Nunca quisemos acreditar, mas agora vem mais isto, já nem sabemos o que pensar», afirma a mulher do proprietário.
Em declarações à Lusa, o presidente da Câmara de Vila do Bispo, Gilberto Viegas, lamentou o sucedido, mas atribuiu-o a um eventual problema de interpretação de Frank-Peter Marcischewski.
«Em nenhum dos documentos existentes na Câmara aparece o nome desse senhor, mas sempre o do senhor Horst, que era o proprietário do restaurante e da casa de habitação que lhe fica por cima», afirmou.
Refutando que a longa espera se deva à burocracia camarária, o autarca atribuiu a lentidão do processo às várias exigências da lei face à complexidade das obras a fazer e das alterações requeridas pelos proprietários.
Gilberto Viegas explicou que a entrada do projecto de arquitectura do restaurante, há quatro anos, tornou exigível a alteração do alvará e da licença de uso, uma vez que inicialmente a construção se destinava a habitação, em nome de Horst Schültze.
«O que fez o processo atrasar é que ele [Horst] não executou a obra conforme o projecto, construiu um jardim em vez de lugares de estacionamento, que são exigidos por lei, e o tempo foi-se arrastando», concretizou, sublinhando que, em 2005, foi a sua intervenção pessoal que possibilitou que se avançasse nas tarefas burocráticas.
Sobre o que ocorreu segunda-feira de manhã, Gilberto Viegas garantiu que a licença de utilização já se encontrava na câmara desde 22 de Dezembro, em nome do proprietário, Horst, mas asseverou que a falta do nome de Frank «nunca impediria o restaurante de abrir na data prevista».
«Era uma questão de fazer um averbamento e daqui a poucos dias o nome do senhor Frank já estaria na licença», disse, frisando que a inauguração poderia manter-se para terça-feira.
Fonte do gabinete da presidência do município reiterou posteriormente à Lusa que «ninguém disse [a Frank] que o restaurante não podia ser aberto na data prevista», uma vez que a licença de utilização estava pronta.
«Ele veio cá levantar a licença e perguntou o que precisava para fazer o averbamento e a funcionária explicou-lhe que era preciso a cópia de um contrato de arrendamento ou alguma coisa que o ligasse ao senhor Horst», disse a mesma fonte, escusando-se a precisar os termos exactos em que a informação foi prestada.
A Agência Lusa teve acesso a uma cópia do contrato de comodato - uma cedência a título gracioso - celebrado entre os dois amigos a 01 de Novembro de 2005, documento que poderia ser suficiente para a inclusão do nome de Frank na licença.
Lusa/SOL

LEITURA OBRIGATÓRIA!!!


quinta-feira, março 8

domingo, março 4

E entao e o Guam .... Alguem sabe onde fica ???


para que este Domingo não seja cinzentão, aqui fica um surpreendente mail que recebi do Amigo César magalhães.


E nós ainda pensamos que em Portugal existem leis que não fazem muito
sentido ...



No Líbano, os homens podem legalmente ter relações sexuais com
animais, mas tem que ser
fêmeas.
Relações sexuais com machos é punível com a morte.
(Cá gays é que não!)

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No Bahrain, um médico pode legalmente examinar a genitalia feminina,
mas para ele, é proibido olhar directamente para ela durante o exame. Pode apenas
olhar através de um espelho...(Grandes artistas...)

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Os muçulmanos não podem olhar os genitais de um cadáver. Isto também
se aplica aos funcionários da funerária.
Os órgãos sexuais do defunto devem estar sempre cobertos por um tijolo
ou por um pedaço de madeira.
(Um tijoooolo, carago!!!)

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A penalidade para a masturbação na Indonésia é a decapitação. (PORRA!!!)

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Há homens em Guam cujo emprego em tempo integral é viajar pelo país e
desflorar virgens, as quais pagam pelo privilégio de ter sexo pela primeira vez.
Razão: pelas leis de Guam, é proibido a virgens casarem.
(Onde é que fica o Guam?!?!?!? )

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Em Hong Kong , uma mulher traída pode legalmente matar seu marido
adúltero mas deve fazê-lo apenas com suas mãos.
Em contrapartida, a amante pode ser morta de qualquer outra maneira
(Morre
minha pu....£?%#!!!!!)

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Em Cali, na Colombia, uma mulher só pode ter relações com seu marido,
e a primeira vez que isso ocorre,a sua mãe deve estar no quarto para testemunhar o acto.
(Esta faz tremer qualquer um só de pensar - já não bastava chatear
como tudo, ainda tem de ir mandar palpites de como se come a filha!!!)

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E entao e o Guam .... Alguem sabe onde fica ???


Boa semana, Ehehee!!!

sábado, março 3

TIMOR - Os dias de terror

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Vi-os subir pela rua, e nunca pensei que recomeçasse aí o terror em
Timor-Leste. Eram quatro, caminhando calmamente. Com autoridade,
cruzaram a barreira de mais de 200 polícias que nos guardavam, a nós, jornalistas
refugiados no hotel Mahakota. Sentados no «hall» exterior, seis ou sete, na
sua maior parte de cadeias internacionais, fumávamos uns cigarros e
discutíamos uma forma de sairmos dali e rodar pela cidade. Lembro-me que,
quanto mais eles se aproximavam, mais olhávamos uns para os outros.
No momento em que eles passaram a barreira e lhes vimos as armas nas mãos,
uma espécie de despertar estupefacto levou-nos a entrar no hotel e a
subirmos a escada que leva ao primeiro andar. Os quatro membros da milícia
Aitarak de Díli subiram ao «hall», colocaram-se em posição e começaram a
disparar sobre nós, rebentando com os vidros das portas. «Eles querem-nos e
não há aqui ninguém para nos proteger», disse o «cameraman» da Reuters.


Lembro-me de pensar que há apenas umas escassas horas atrás a ONU anunciara
que 78,5% dos timorenses tinham escolhido a independência e que eu contava
estar naquele momento encostado a uma esquina de uma rua a tirar notas sobre
a festa deste povo finalmente livre. Durante a noite passada, num Mahakota
abandonado e barricado, cada um tomou a sua opção. Para mim havia condições
para ficar, desde que conseguisse chegar ao quartel da UNAMET.


De manhã cedo, juntamente com Luciano Alvarez do «Público», o Hernâni
Carvalho da RTP e o Jorge Araújo do «Independente», com o João, o meu
motorista, ao volante do seu velho Land Rover verde alface, apanhámos uma
boleia de um comboio de viaturas do Alto Comissariado para os Refugiados e
avançámos por uma cidade deserta e patrulhada pelas milícias. Finalmente,
estávamos dentro do quartel-general da UNAMET, onde se respirava o cerco das
rajadas de metralhadora, disparadas de 10 em 10 minutos.


Os polícias e os funcionários civis não conseguiam esconder a raiva e a
impotência perante o recomeço da violência armada. Lá fora começaram a subir
as primeiras colunas de fumo provenientes de casas incendiadas. Rapidamente
se multiplicaram. Díli ardia. Comecei a telefonar às pessoas que tinha
conhecido, timorenses de sete metros de altura que me tinham contado a
história do seu povo e do seu país. O velho padre jesuíta João Felgueiras, o
activista dos direitos humanos Aniceto Guterres, a resistente Maria
Olandina, e todos os outros anónimos cidadãos de uma nação sem soberania. Do
outro lado da linha respondeu-me o silêncio.


Compreendi que as milícias e os indonésios tinham estendido uma cortina
negra sobre a operação que desencadeavam em todo o território. Pouco depois
das sete da tarde, já com a noite instalada, o tiroteio de metralhadora
rebentou mesmo ao lado do quartel-general. Só compreendi o que se passava
quando os gritos soaram mais forte do que as rajadas: a polícia indonésia
estava a disparar sobre os dois milhares de refugiados que tinham procurado
protecção junto ao muro exterior da UNAMET.


Os velhos, as mulheres e as crianças tentaram escapar, a maior parte
lançou-se para cima do arame farpado, rasgando o corpo, deixando os picos
cravados na roupa que vestiam. Vinham aos gritos, gritos que tinham o som do
mais puro medo, ensanguentados e desesperados. Os 700 homens da UNAMET
reagiram como um só: acariciaram as crianças, confortaram as mulheres,
tranquilizaram os homens. A imensa massa de timorenses que fugiu à morte
sentou-se no chão do auditório da UNAMET onde, dias antes, a Indonésia e os
líderes autonomistas tinham prometido respeitar o resultado da consulta.


Sentaram-se e começaram a rezar. Compreendi que estava a olhar para um povo
indefeso. Mais compreendi também que estava a olhar para um povo que nunca
capitularia por mais sangrento e prolongado que fosse o cerco.


Texto de JOSÉ VEGAR, enviado a Díli
Sáb. 11 Set 1999 00:00

 

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