quarta-feira, outubro 24

Diálogos desconexos




O sol brilha envergonhado entre abertas desfocadas de nevoeiro.
...e viva o riso.
Hoje apesar de rir, optei pelo cinzento, como o sol optou por nele se esconder... Para não continuar, regressei ao aconchego do lar. Sou notívago, por vezes, só às vezes... tantas vezes... vezes demais?!.
Por aqui impera o ruido do silêncio; tanto que, quando alguém passa à minha janela, os seus passos ecoam por toda a casa. É sábado. Acordei cedíssimo para um sábado... raios,  oito horas e já tomava café. Fiz um compasso de espera para ir fazer compras para casa que agora arrumo e acompanho-te, no éter, nas nossas quebras de silêncio enredadas nas horas que passam...
O sol teima em brincar às escondidas, não sei se dele próprio, das nuvens ou dos que, cá debaixo, o reclamam… fugirá de mim!?
Ontem foi um dia de vertigem; as coisas sucederam-se em revoltas de passados que teimam não findar. Quis estar com todos e com ninguém... esta coisa de voltar a ser eu, só eu, solitariamente eu, está a ser mais complicado do que estava à espera... tive saudades de tudo e de todos... não te esqueci… mas tenho de te ter longe; sem dúvida, a vida é um ovo e prega rasteiras constantes. Isto está a transformar-se numa bomba relógio e receio o que possa vir depois... ou não... As mudanças, mesmo radicais, magoam, mas saber gerir o depois é que é importante.
Aqui também a passarada chama o sol... e o um gato em correrias frenéticas tenta prender a minha atenção - “Tipos estranhos estes seres de quatro patas que raramente colocam as da frente no chão... e que hábitos estranhos... brincam com o tempo de forma estranha” -  parece pensar telepaticamente em diálogo com todos os outros que do quintal me observam.
Alimentei a salamandra para espantar alvores de frio. No sofá espera-me o “sketchbook”... vou esparvoar a carvão, para desenhar o que seja, o que esteja no emaranhado de ideias que corre a organizar-se no torpor da manhã... merda -penso eu - para esboçar e só me saem pensamentos que, debulhados em palavras, não têm ainda correspondência nos sentidos que toma um traço de esboço... Diz-me... como se desenham as palavras; como se pintam os sonhos? Como se retrata um pensamento?
Um dia me explicarás essa tua vontade de te esconderes do mundo. Um dia destes, cruzam-se as nossas pessoas algures na cidade, noutro país, noutro mundo, quiçá, noutra era. É um pouco isso, tudo se encaminha para um refinamento do que cada um quer, ou para uma evolução, para algo que (não sei o quê, nem como), substituirá essa forma de auto devassa consentida, que é o querer sempre mais uns dos outros (mesmo que disso não tenhamos consciência). Não deixes de me falar se me reconheceres nessa busca... poderá ser que busquemos juntos.
E que buscamos?! A felicidade? Talvez a verdadeira felicidade seja... que é isso de felicidade? Algo que inventaram, uma palavra mais a que juntam um "in", para criar um antónimo estúpido e balizado, de gente convencida, que tem a rota da verdade? Gente “normal”...
Talvez a consciência da relatividade e dicotomia da "felicidade" façam de mim, de ti e de todos (os como nós) os verdadeiros "felizes"... É tão volátil, frágil e inconstante, a "felicidade" dos normais... antes chamar-lhe "verdadeira consciência de ser" que "ser feliz"... é isso que sinto, na nossa “felicidade” em contraponto com o ilusório e hipócrita ser feliz do “normais”.
Encerrados em casulos que nos dão a consciência do que queremos e somos, acabamos por ser “felizes”, à nossa maneira... quando quisermos e enquanto quisermos... será isso (digo eu); pensarás (e bem), tu?
Difícil não gostar de te ler, de, mesmo entre longos silêncios, sentir a cumplicidade de pensamentos, como se no mundo, no universo, nada de material existisse, só mentes em sintonia, numa partilha de seres telúricos, gasosos, voláteis, que se procuram e entregam na partilha de saberes intemporais...
Escrevo sem sentido, talvez... não ligues... não é habitual... sou fraco resistente no combate aos prazeres de Baco. Quiçá só diga disparates... mas sei que me perdoas... Atropelam-se-me as palavras no tropeçar das ideias; sinto-me o mais feliz dos idiotas... talvez seja essa a minha felicidade!
Passear sozinho por entre uma multidão de surdos... não sei. Esta frio... mas apetece-me ir a todo o lado... e a lado nenhum. Incompreensivelmente, gosto desta estúpida sensação, que já esquecera, de estar saborosamente só... a angústia vai-se a cada toque no teclado falso, virtual, desta maravilhosa tablete de plástico que me liga ao mundo, que me transporta a tantos como eu... como tu... como nós... Que nos deixa, entre essa tão grande mole de gente, escolher a delícia de falar por letras dispersas e palavras, desconexas aos olhos dos ditos "normais", mas com tanto sentido... e sentir. experiencio-te, como da primeira vez, virtualmente, depois do Adeus, dos “Adeus”, passados, presentes e futuros, porque o ciclo é frenético e o Tempo só existe na nossa imaginação colectiva.
Às vezes penso, como seria bom que a minha existência não fizesse sentido, num sentimento egoísta, como se, realmente, eu existisse para alguma coisa. Sinto-me um “enteretainer”, real, num mundo perverso, que anseia pela acção, real... num mundo de sonhos hipócritas.
Tu inspiras amores puros de verdadeiro amor, verdadeiro gostar, como deveriam ser todos. Um dia, os ditos "normais" talvez despertem; gosto ao mesmo tempo que eles me achem distraído, perdido, em estado de pré-insanidade... gosto, mas tenho pena. E pensam-se tão evoluídos que nem sabem espiar-se, ler-se.
A verdade ninguém conhece; terão consciência quando, pensando, compreendam que é no silêncio dos pensamentos de cada um que se encontra a chave da razão de tudo. Ficamos a navegar, secretamente, porque são impartilháveis estas partilhas, este sentir, com os ditos "normais".
E afinal, porquê falar? Para quê falar, se falar vem do pensamento? Para quê gastar palavras na rouquidão das vozes, fartas de gritar pelo verdadeiro sentido de Ser, se com o pensar podemos falar, como tantas vezes o fazemos (e a maioria das vezes nos negamos a fazê-lo)?
Sinceramente fazem-me bem estes diálogos desordenadamente saídos no momento, comigo mesmo, contigo, com eles... e contigo... e contigo, também...Ei! tu, aí, sim, tu!! Contigo, também é contigo!!
Adoro estes diálogos de desconexa harmonia... sem sentido (ou talvez não)
Chamem-me Louco... mas deixem-me ser Eu, para ti... para vós, e juntem-se nesta loucura de Pensar, por mim, por Ti, por todos nós.

JVC

quarta-feira, agosto 29

terça-feira, fevereiro 21

Me haces tanto bien.mp3 - 4shared.com - online file sharing and storage - download - Osman Solares

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quinta-feira, janeiro 19

(...) A certeza Absoluta do Homem é a forma mais limitadora da Verdade e de todo o respeito por todos quantos palmilham o mesmo caminho.

E o caminho é igual para todos; o objectivo desconhecido é o mesmo para todos sendo que cada um trilha-o consciente ou inconscientemente na procura da incerteza que os espera ao fim desse caminho.

Quem o percorre de forma surda, ignorando a miríade de almas que em conjunto pendulam na ponte frágeis sobre os abismos da vida, acabam por ser entes isolados numa multidão de gente só! (...)

JVC

segunda-feira, maio 16

Já chega deste Regime…



Acho que neste momento, mais que nunca, exigia-se a quem está à frente dos destinos do país, assim como aqueles que aspiram a estar, encontrar consensos e as melhores soluções para sairmos deste pântano. Não adiantam nada acusações acerca de quem fez (ou não fez); aí, tenham toda paciência, mas é difícil encontrar quem se encontre isento de culpas ao longo dos anos de Liberdade (pós PREC).

Há muito que o povo vê o diálogo político como conversa mole ou engodo caça-votos; todos se atacam e destroem ideias, sejam elas positivas ou negativas, só pela "disciplina de voto"... porque se tem de votar contra... porque são os outros que apresentam... Já nem falo dos crónicos "bota-baixistas" onde se incluem extremadas opiniões da esquerda mais radical ou ortodoxa (BE e CDU) dos inúmeros comentadores, muitos deles que também passaram por cargos de relevo e/ou decisórios em anteriores legislaturas, agora transformados em moralistas ou velhos do restelo (engraçado que não vejo alguns, caso de Medina Carreira, abdicar de algumas das mordomias e benesses derivados dos cargos que desempenha ou desempenhou, a par da sua carreira profissional, de membro do Conselho Superior dos Tribunais Administrativos e Fiscais, membro do Conselho Fiscal da Fundação Oriente, vice-presidente do Conselho Nacional do Plano, vogal do Conselho de Administração da Expo'98, presidente da Comissão de Reforma de Tributação do Património (nomeado por António Sousa Franco), presidente da Direcção da Caixa de Previdência dos Advogados e Solicitadores e vogal eleito do Conselho Superior da Companhia de Seguros Sagres. Exerceu ainda o cargo de Subsecretário de Estado do Orçamento, durante o VI Governo Provisório (1975-1976), o qual deixou de exercer para assumir, logo de seguida, as funções de Ministro das Finanças do I Governo Constitucional (1976-1978); este é só um exemplo…

Precisa-se coragem para urgentemente se fazer uma reforma a sério no regime. Um sistema presidencialista e mais representatividade directa dos eleitos junto dos eleitores, diminuiriam em muito muitos dos “imbróglios” políticos que nos afectam, assim como ajudariam ao emagrecimento do Estado. Acabavam se de vez as “guerras” das Presidenciais, onde cada vez mais se discutem coisas sem interesse para a resolução dos reais problemas do País e desapareceria uma figura que é, consoante a cor partidária da mesma, meramente decorativa ou “extremamente importante” A nossa Constituição, em toda a sua “perfeição”, não permite que ela própria se renove ou adapte à evolução do Povo que a mesma deveria defender, é ela a culpada de não poder incluir nas opções de regime as convicções Monárquicas (ou outras) que tão “gozadas” são, mas que possuem tanta legitimidade quanto o sistema semipresidencialista que vigora e que a cada 5 anos elege (ou reelege) um “rei civil” que, por mais boa vontade que tenha, nunca será “bem-amado” pelos seus actos (ou ausência deles) mas pelo facto de ser do partido A ou B. Ao menos numa Monarquia Constitucional, o Rei, por mais “Decorativo” que seja, representa a unidade de um povo, e tem mais legitimidade para poder ser uma voz de consenso nos momentos difíceis. A nossa Constituição, foi criada de forma a entronizar uma forma de pensamento estática e desprovida de verdadeiro espírito democrático prático e a mostrá-lo estão as leis que são criadas e que a ela obrigam a constitucionalidade, ou seja, autênticos “pântanos jurídicos” que nem 10 “FMI’s Legislativos (caso existissem), seriam suficientes para reformar.

Já chega! De uma vez por todas, os nossos políticos deveriam reconhecer que o sistema político falhou, que não podemos continuar a pensar e a agir da mesma forma que se pensava há 30 anos. Já não há PREC’s nem perigos de extremismos, sejam eles de direita ou esquerda. Estamos na UE e não quiseram adaptar a Constituição, Leis e Regime Político às novas realidades. Porque geneticamente, os portugueses são avessos à mudança? Porque o “Povo é quem mais ordena”? “Fascismo Nunca mais…”?, etc.?, etc.? Já começa a ser conversa de “mau pagador”; aquilo que geneticamente mais afecta o povo português, é sem dúvida a capacidade e coragem de assunção da culpa, Isso sim é “crónico”. Atribuir ao Povinho a culpa de não procurar a mudança com o voto e ser ele o “responsável” por toda a vergonha e motivo de chacota global em que se transformou o País, é o mesmo que passar-lhe um atestado de imbecilidade pura, porque desde sempre as orientações partidárias foram no sentido de deseducar o livre pensamento político dos eleitores, formatando-os com as “cassetes dos manifestos” políticos de cada facção. É mesmo uma desculpa de “sacudir o capote” e acusar o elo mais fraco, o facilmente atingível e influenciável.

Bem vistas as coisas, não há alternativas possíveis à ordem partidária e a rotatividade democrática trouxe sempre mais do mesmo, melhor, mais do mesmo e sempre a piorar. O crescente número de eleitores que desistiram de exercer o seu direito de voto, porque se cansaram de todas as querelas políticas, é bem a prova que o sistema deveria ser mudado. Acredito que, quem ainda mantém o sistema eleitoral com afluência às urnas, são os novos eleitores que vão votar, e conheço inúmeros que assim se manifestaram, por curiosidade; raramente, cada vez mais, não há consciência política. Vota-se PS, PSD ou em qualquer outra força política, porque há “tradição familiar”, porque a maioria dos conhecidos e amigos votam lá, porque a região é maioritariamente da cor A ou B, e outras tantas razões… a educação falhou também aqui. O “espicaçar” da consciência política por parte do Estado, por conveniência, foi-se diluindo ao longo dos tempos, desde o 25 de Abril de 74. Hoje é raro encontrar-se um jovem que tenha noção do que é realmente a Esquerda, a Direita, o que foram (e o que levaram a elas) as Ditaduras de Esquerda e Direita, etc. é comum ouvirem-se estudantes pré (ou mesmo universitários) dizer “bacoradas” do género: “…o 25 de Abril foi feito pelo Dr. Mário Soares que depôs o governo fascista de Sá Carneiro e do Chefe do Estado, General Spínola… Francamente, não fosse eu contido nos actos e abominar a violência, apetecia-me esbofetear o jovem que ouvi dizer isto, na mesa ao lado da minha, na esplanada das Tílias! Comparo este tipo de observações à das crianças que, à pergunta sobre de onde se obtém o leite, respondem cândida e prontamente: Do Continente, Daaah!...

 

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