segunda-feira, agosto 1

FÉRIAS...



O COISAS, vai de férias. Volto em breve...

...com mais COISAS, ehehe.

Vou de férias, mas não posso ir sem deixar aqui a transcrição desta "pérola" da blogosfera nacional.
Simplesmente excelente...

Dialectos: Lxbôa



Tenho seguido divertido e com interesse o que Vital Moreira vem escrevendo sobre o "lisboetês".

O "lisboetês" é um dialecto não oficial que, cuida quem o utiliza, é, fundamentalmente, chic.
Não é usado, apenas, por lisboetas. Várias pessoas se sentem atraídas, de forma fatal - quando não de forma fatela - pelo dialecto. Eu conheço algumas. Em situação que cuidam de alguma relevância, essas pessoas assumem o "lisboetês" como fonética preferencial. São, geralmente, jovens que se transformam em "xovens", ou menos jovens que se catapultam à relevante posição de "tíus". É como um "ríu" que corresse para o mar das "grandexensações". Entendem? Bom, os de Caxcaish entenderão melhor, presumo.

Isto passa-se, mesmo, com alguns nativos de Vila Pouca de Aguiar, ou de Murça, quando em contacto com seres que consideram superiores, mesmo que seja por habitarem as zonas limítrofes de Chelas. Lê-se "Chêlas".

Em tempos que já lá vão, convivi com duas primas que falavam "lisboetês" convicto. E ainda falam, presumo. Mas assumiam, além dessa, uma outra vantagem na sua esmagadora dimensão comunicativa: frequentavam o Liceu Francês Charles Lepierre, o que lhes fornecia, ao "lisboetês", como que um sufrágio santo de "internacionalidade".
Internacional é o que, em Portugal, se chama aos estrangeiros: um estrangeiro, seja cançonetista ou mimo, é quase sempre uma atracção internacional. Já repararam? Mesmo que seja apenas um inglês de Birmingham, ou um francês do Limousin, é um internacional que ali temos. Mais, mesmo, que um "tipo de fora", um estrangeiro. Claro que se o tipo trabalhar nas obras é estrangeiro mesmo. Nas obras trabalham "monhês", "prêtx", ou "'cranianx", que as vogais do fim e do princípio são para comer. Há muita fome escondida, geralmente, nos adeptos do "lisboetês".

Lembro-me de, por essa altura antiga, com nove tenros e retorcidos anos, já me enervar que me gozassem por abrir os "entes", como em "doentes" e "dentes", e por abrir bem as outras vogais que me ensinaram a abrir. Como em Corgo, por exemplo, que o rio chama-se Corgo, não se chama "Côrgo". E, este era o supremo gozo que levava sempre, este era fatal, por meter a partícula de ligação "i" entre palavras que terminassem (a primeira) e começassem (a segunda) pela letra "a". Como em "límpida água", que me saía (e me sai) sempre "límpidaiágua".

Explicar isto a alguém de Vila Pouca, ou mesmo de Fornelos, que frequente sítios "in", como "pàdóques do Estoril", já é difícil. Explicá-lo a duas moças da Linha que, ainda por cima, frequentavam escolas estrangeiras (com um péssimo resultado no que respeita ao português, evidentemente: a minha Mãe, que era professora, tinha de lhes dar explicações da Língua Pátria, nas férias durienses, porque davam muitos erros em qualquer ditado), resultou impossível.

Já pelos doze anos, quando o buço começa a ornamentar-nos a região supra-labial, escurecendo-a, perdemos-lhes o respeito de vez. Elas vêm de cima para baixo, a gente desfere-lhes cabeçadas de baixo para cima.
Lembro-me da discussão acesa que tivemos, um dia, no carro do pai delas, a caminho de Lisboa. Eu ia num estado lastimável de opressão porque, na altura, a simples visão dos bairros miseráveis de Sacavém e dos Olivais - na sua altitude macabra e esmagadora, para quem ia das berças do profundo Norte- me metia respeito. Caramba: arranha-céus!

No entanto, durante a viagem, as duas resolveram brincar comigo e com a minha ignorância parola de reguense, lavado mas dado a sossegos. Quiseram obrigar-me a dizer Lille, Cannes, Marseille e (pasme-se) Lens.
Eu disse "Lile", "Cánes", "Marselha" e "Lans". Como em "lãs".

Foi uma risota que se estendeu até à frente da viatura, até o motor pareceu esganar-se na delícia da minha humilhação. Explicaram-me tudo, as cabras, até "Marrecei-eh" me explicaram!

Encontrado assim, tão só, no primeiro banco de trás da minha vida, fora dos meus e do meu sossego, cresceu-me a pequena revolta dos pobres que não têm quem lhes valha e têm, nessa ausência de conforto, de se valer de si. O que faz um buço, meu Deus.
Picado nos meus brios de duriense já, praticamente, "sub-pentêlhico", desenrasquei-me. Lembrei-me, graças a Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, que as cabras diziam "Paris", como eu dizia. E fodi-as pela primeira vez, tenho a certeza, embora, sendo elas de Lisboa, estas certezas nunca se possuam em definitivo:
- Olhai: explicai-me lá, então, porque dizeis Paris. Não deveríeis vós dizer "Pàrri", ó inenarráveis putas?

O carro seguiu, em marcha lenta e abafada pelo silêncio (que me oprimiu, a mim, mais que a ninguém), até Algés. Que se diz "Algêsh", para quem não sabe.

É que eu, do resto da frase toda, não me lembro bem. Podem ter-me saído outras palavras. Sei lá o que lhes disse! Sei-lhe é o sentido, à frase inteira.
E recordo, sem dúvida nenhuma, a violência daquele "putas", que aqui na Régua se diz "poutas!", quando o parimos com merecida raiva.
Faz efeito, ao menos: cria silêncios opressivos mas pacificadores.

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Blog para dizer coisas sérias a brincar, sem brincar com coisas sérias.

sábado, julho 30

O MESTRE




O KAISER ESTA VIVO. VIVA O KAIZER.



Blog para dizer coisas sérias a brincar, sem brincar com coisas sérias.

Aviso aos Pais



Fui surpreendido esta semana com a noticia que mais temia ouvir em toda a
minha vida, confesso que sendo pai há dois anos estou mentalmente preparado
praticamente para tudo; o flagelo da droga; os gangs ... etc.

Mas o que eu mais temia aconteceu o meu filho olhou-me nos olhos e
disse-me: "xou do Benfica". Naquele momento tudo parou para mim ( qual
experiência de morte ). Vi a minha alma a sair do meu corpo e dei por mim a
flutuar no tecto da sala olhando de cima para mim e para o meu filho, vi o
longo túnel com a luz ao fundo, mas , de repente fui sugado novamente para
dentro de mim próprio. Nessa noite não dormi a pensar no que terei falhado
ou feito para merecer tal castigo. Com o passar das horas fui-me habituando
à ideia.

Até porque existem pelo menos quatro semelhanças entre o meu filho
de dois anos e o Benfica:

1- O meu filho gosta de ser levado ao colo.
2- O meu filho não sabe jogar futebol.
3- O meu filho tem quem resolva por ele os seus problemas.
4- O meu filho não tem dinheiro mas tem tudo "do bom e do melhor".

quinta-feira, julho 21

OBSCENO É...

Ainda há quem chame obscenidades aos serviços de certas meninas da rua!

OBSCENO é o triste espectáculo que diariamente vemos na cena política e social de Portugal. Com o estado em que estão as coisas, corremos o risco de a AR se tornar o maior bordel legal dentro da Europa. (as emissões do Canal TV da AR serão codificadas; nem com bolinha, já que é realmente muito explícito)

Nem tudo o que parece, é...


Lisboa, linha verde do Metro, 17H35.

Observo o tipo que se senta à minha frente. É o protótipo do viajante ocasional da toupeira urbana. Salta à vista; contrasta com os habituais utentes, esses que quase atingem o estatuto de residentes. Os olhos não param. Os dedos contorcem-se uns contra os outros num nervoso miudinho que complica o sistema nervoso ao mais paciente dos pacientes. Parece engolir com o olhar todos os recantos da carruagem; parafusos, publicidade, até os grafites improvisados, cravados a golpe de navalha em vidros e bancos (à falta de tinta urge o improviso), enfim, tudo aquilo que é visível dentro de um comboio. O meu companheiro de viagem encafuado, melhor, emparedado (quase espremido) entre a parede e uma matrona de carnes rechonchudas, humedecidas pelos grossos bagos de suor que brotam da sua pele e se misturam com o odor de perfume “made in Taiwan”, resfolegada no assento, que diga-se de passagem até para as minhas modestas e secas “assentadeiras” acho pequeno, olha em seu redor com a cara de terror que têm os aprisionados numa escura e tenebrosa caverna.

Consigo observá-lo sem que ele se aperceba. . Os óculos escuros, tipo “Martini-man”, são de uma eficácia total. Eis que dou por mim a ser observarvado dos pés à cabeça enquanto ele crê estar eu deliciado a mirar uns fantásticos (embora generosos, bem delineados) nadegueiros da jovem que se segue em pé no corredor, a meu lado, insistindo em manter aquela zona a escassos centímetros da minha cara. Nestas ocasiões, digo eu, bem que dava jeito a visão binocular autónoma dos camaleões; sempre se juntava o útil ao agradável, prestando mais atenção aos pormenores.

O tipo continua a mirar-me de uma forma que roça o “tirar as medidas”; reparo que faz o mesmo à ninfa que se sentou a meu lado ao mesmo tempo que eu o fiz. É atrevida e descontraída a moçoila. Não tem problemas em dar largas à sua área de acção e expande-se no assento, encostando-se a mim com uma descontracção que quem olhe de fora invejar-me-á (“um tipo destes com um naco daqueles” - seria o comentário de um observador mais atento!) Porra!!! Com tanta mulher aqui dentro, até o clone da Odete Santos, sentada ali mesmo à frente, teria a minha condescendência para com os olhares fixos e lascivos sobre a minha pessoa; agora um gajo, isso não, não é admissível.

Carteirista, não é. Pelo menos, conhecido meu, não é. Será aprendiz? Não vislumbro nenhum dos “habitues”, desde o mais cotizado ao menos hábil. Nem mesmo as “encostas” e “muletas” do costume se vislumbram. Será hoje o meu dia de sorte? Desde o Euro 2004 que não referencio novos mestres do abafo do “cabedal”.

Chego ao Intendente. Em manobra estudada, levanto-me com cuidado de modo a não ser notada a artilharia dissimulada sob a fralda da camisa. Coloco-me estrategicamente encostado ao varão central do patamar de saída. Coincidência? Bingo? O tipo secunda o meu gesto, levanta-se e quase se cola a mim e à jovem que viajava encostada a meu lado e que também veio para perto da porta. Mau! Ou vens para fazer a carteira ou então queres aliviar as carências afectivas… Dou-lhe o flanco (sei que se vão rir desta parte, mas não retirem a parte do contexto) na esperança que o gajo invista contra o bolso traseiro. Avanço para a porta, faço a paradinha e observo o “suspeito” através do reflexo do vidro da mesma. Eis que o fulano se aproxima, quase se encosta; aguardo a paragem e o solavanco fatal que dá a cobertura ao encontrão da praxe. Chegou o momento, abre-se a porta precipito-me, junto com os restantes para o exterior, mergulho no funil que os que aguardam entrada sempre formam, avanço para a gare e eis que, pelo canto do olho, observo a abonada cachopa que seguia junto a mim, rodopiando sobre um pé enquanto esganiça um “ai” e desfere uma real “latada”, daquelas à antiga, na cara do meu alvo.

Porco – grita ela.

Fodassss…!!! – lamuria ele.

Bem feito – replica um terceiro.

No meio disto, na minha condição de simples observador/respeitador, invejo o tipo. Afinal o mariola era um rebarbado qualquer, que sabia o que queria (claro que em matéria de limites, razoáveis, socialmente falando, era limitado) e arriscava a integridade do seu facies (e vergonha claro, isto contando que a tem!) em detrimento de uma fugaz passagem dos “garfos” pelo monumento visado. Que coragem!!

Subindo as escadas rolantes, ao passar por mim, a esfregar a cara no local do estrafegado impacto, o sacana, sorrindo, lança-me um olhar de triunfo e dispara:

- Porra, pensava que era a sua namorada, amigo…

- Pois, infelizmente não era! – replico em tom de gozo.

- Por isso, arrisquei… quem não arrisca!... G’anda cú… sim senhor, g’anda cú…

Lá foi o tipo; afinal conseguiu aquilo que queria (pago a preço de estalo, não de saldo, mas conseguiu).

Ele há tipos com uma lata!

 

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